Exu me ensinou a andar até no Umbral e sair quando quiser. Me ensinou a entrar numa igreja e sair sem nem ser percebido. Exu me mostrou que não há portão trancado para quem sabe bater, nem caminho proibido para quem aprende a respeitar.
Quem é Exu? Muita gente não entende. Pensam que é o diabo ou algo ruim — mas Exu é guardião de caminhos, mensageiro entre mundos, senhor das encruzilhadas onde tudo se encontra e se resolve. Ele é o princípio do movimento, o elo entre o divino e o humano. É quem carrega nossos pedidos aos orixás, quem desfaz demandas, quem protege das ciladas da vida.
Exu me ensinou a não ter medo do escuro, porque no Umbral — aquele lugar pesado, denso, onde muitos se perdem — ele me mostrou que tudo tem lei, até as sombras. Me ensinou a entrar lá se fosse preciso, ajudar quem estivesse caído, e sair de cabeça erguida.
Ele também me ensinou a entrar numa igreja cheia de dogmas e sair sem julgar ninguém, sem nem ser notado. A respeitar a fé alheia como respeito a minha. A entender que o sagrado se manifesta em todos os cantos para quem sabe ver.
Exu é quem nos ensina a caminhar com malandragem boa, com sabedoria, com respeito aos segredos de cada lugar. Ele me fez perceber que o verdadeiro poder não é dominar os outros, mas dominar a si mesmo, saber entrar e sair de qualquer situação com dignidade.
Por isso digo: Exu me ensinou a caminhar em todos os lugares. Me ensinou a abrir os meus próprios caminhos e a não temer nada — nem o Umbral, nem a luz de um altar. Porque quem anda com Exu aprende que todo lugar tem dono, toda força tem lei, e todo caminho é possível para quem tem humildade e coragem.
